O que é sustentabilidade emocional?

ocê já ouviu falar em sustentabilidade emocional? Nesta coluna, Ana Paula Borges nos aponta que o estresse é uma reação inevitável do corpo, já que essa é uma programação biológica de proteção. Entretanto, é possível gerenciar o impacto que o estresse tem em nós. Para tanto, a colunista nos explica a importância de sermos “emocionalmente sustentáveis”. Entenda o que isso quer dizer no texto a seguir.

Não podemos fugir do estresse. Ele é uma reação fisiológica, que nos protege. Ao menor sinal de perigo ou de alguma ameaça próxima, os nossos cinco sentidos levam essa informação até a amígdala cortical, uma pequena estrutura de forma amendoada, localizada na profundidade dos lóbulos temporais, que coloca todo o nosso corpo em prontidão para lutar ou fugir. Essa estrutura, fortemente relacionada às emoções básicas, como raiva e medo, é a grande responsável pelo nosso instinto de sobrevivência.

Entretanto, essa sentinela das emoções também pode ser disparada, mesmo que o perigo esteja só em nossa cabeça. Basta o cérebro achar que estamos sendo ameaçados ou com medo como, por exemplo, quando sentimos receio de ficar sozinhos, de não ser reconhecidos profissionalmente ou de não termos dinheiro para nos sustentar. Essas interpretações causam micro episódios de estresse diários, que sobrecarregam nosso corpo como se estivéssemos de fato em uma situação limite, como à beira de um penhasco ou sozinhos, no meio do oceano.

Toda essa frequente descarga hormonal estressa o corpo e a longo prazo, fragiliza sua saúde e o coloca em estado contínuo de hipervigilância. A ansiedade e a preocupação contínua impedem que seu corpo se recupere, tornando-se intoxicado. Além disso, suas emoções tornam-se superdimensionadas, fazendo com que você reaja a tudo e à todos como se estivesse sempre em um campo de batalha.

Você, às vezes, sente-se assim? Refém das situações e dos acontecimentos que não pode controlar, encharcado de emoções conturbadas, que minam seu equilíbrio e bem-estar?

E se eu te dissesse que é possível desenvolver estratégias de gestão mental e emocional para aprender a lidar com a imprevisibilidade e os desafios que a vida te impõe, com mais sabedoria e resiliência?

É justamente disso que se trata a ideia de “sustentabilidade emocional”.

Abrindo mão da necessidade de controlar tudo

Os acontecimentos do lado de fora são mutáveis, imprevisíveis e, muitas vezes, inesperados. Nem sempre as coisas acontecem de acordo com as nossas expectativas. Muitas vezes, sentimos que ficamos irritados e frustrados com a forma com que a vida se desenrola.

Não há garantias sobre como será o amanhã. Mesmo que a gente deseje ter certezas, isso não é possível. A ideia de que controlamos as situações não é verdadeira.

A única parte da experiência da vida que temos controle parcial diz respeito à nós mesmos, ou seja, à forma como pensamos, sentimos e agimos.

Mas, por que, então, insistimos em querer controlar as pessoas e as situações? De onde vem essa ideia fantasiosa que nos deforma e transforma em seres apegados e tão controladores?

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